Archive for 22 de dezembro de 2008|Daily archive page

Manchetes do Dia

Globo: Polícia ataca finanças do tráfico na Cidade de Deus

Folha: Obama amplia pacote para salvar emprego

Estadão: Crise vai brecar crescimento da classe média

JB: Rio recebe hoje Lula e Sarkozy

Correio: Caixa reduz juros de 21 tipos de empréstimos

Charge do Dia

amarildo

Franklin Martins e a definição de assalto = “expropriação”

franklin

Por Letícia Sander, na Folha

Um dos principais auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) era visto pelos órgãos repressivos da ditadura militar (1964-1985) como um dos líderes estudantis de maior evidência, um indivíduo de “grande periculosidade” que, “sempre armado, não vacila em atirar”.

O texto, que provoca risos do hoje ministro, foi assinado por Newton Costa (da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos) em 4 de setembro de 1969 e integra um calhamaço sobre sua atuação no período, em poder do Arquivo Nacional.

Os documentos, aos quais a Folha teve acesso, incluem uma espécie de ficha do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações) datada de 1974, na qual ele é acusado de ter participado de toda ordem de subversão, de assaltos contra bancos e à residência de um deputado, a seqüestros e roubos.

Fatos, em sua maioria, negados pelo ministro. Do teor das acusações listadas, Franklin confirma duas participações: foi ele quem, em 4 de setembro de 1969, estava na direção do Volkswagen azul que bloqueou a passagem do carro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, ponto inicial de uma ação que virou símbolo do combate à ditadura militar.

O ministro também confirma ter feito a “segurança” da operação de assalto à casa do então deputado Edgard Magalhães de Almeida, político ligado às artes que tinha cerca de U$ 70 mil no cofre de casa, dinheiro que foi levado pelos militantes na ação, descrita ainda hoje pelo ministro como de “expropriação”, e não roubo.

“Exímio atirador”, de acordo com os militares, Franklin é irônico ao se referir à própria periculosidade. “É um conceito subjetivo”, diz, acrescentando: “De alta periculosidade eu acho que era o general que comandava o país naquele momento”.

O ministro fez curso de guerrilha em Cuba, período em que foi treinado para o uso de armamentos e explosivos, além de táticas de selva e condicionamento físico. Hoje, ele reconhece que a luta armada não foi um instrumento eficaz no combate à ditadura, mas não se arrepende disso.

PMs são presos por suspeita de roubar de assaltantes

Um sargento e três soldados da Polícia Militar foram presos esta semana, suspeitos de roubar ladrões. A Corregedoria diz que eles perceberam um assalto a um caixa eletrônico, mas resolveram esperar os ladrões saírem. Em seguida, assaltaram os assaltantes, que foram embora de mãos vazias. (veja as imagens)

Os ataques a caixas eletrônicos cresceram 36% em São Paulo. Este ano, já foram 302 casos. A Corregedoria da Polícia ainda não terminou a investigação dos quatro PMs suspeitos de roubar os ladrões.

– São policiais que, se estiverem comprovadamente envolvidos neste fato, esqueceram o juramento que prestaram, a farda que estão honrando, e serão responsabilizados por isso – afirma Marcelo Zanchetta, capitão da PM.

As câmeras dos bancos registram os ataques, mas quase sempre a polícia chega quando já é tarde. Os ladrões agem em bando porque, para atacar um caixa eletrônico, é preciso força e agilidade: cada caixa pesa meia tonelada.

Alguns ladrões montam um cenário para o roubo. Improvisam uma cortina com os cartazes de propaganda o banco. Quando pegam o dinheiro, os anúncios voltam para o lugar. Os bandidos fogem, antes da chegada da polícia.

Os três soldados estão presos na corregedoria e o sargento, no Presídio Romão Gomes, porque também foi flagrado com drogas. O assalto aconteceu na última sexta-feira, dia 12, em Guaianases.

Definição sobre vereadores vai ficar para 2009

Por Luciana Nunes Leal, no Estadão

Os presidentes do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), vão passar as festas de fim de ano sem uma decisão final sobre a emenda constitucional que cria 7.343 vagas de vereadores no País, motivo de grave atrito entre as duas Casas desde a semana passada. O Supremo Tribunal Federal (STF), ao qual Garibaldi recorreu para garantir o aumento das vagas, informou por meio de sua assessoria que o mérito do mandado de segurança será decidido depois do recesso do Judiciário, que termina em 31 de janeiro.

Nos últimos minutos de sexta-feira, o ministro do Supremo Celso de Mello pediu informações à Câmara e não atendeu ao pedido de liminar feito por Garibaldi, para imediata promulgação da emenda, com o argumento de que esgotaria a questão antes das alegações de Chinaglia. Na quinta-feira passada, a Mesa Diretora da Câmara decidiu não promulgar a emenda constitucional, por considerar que ela foi modificada no Senado e deixou de limitar os gastos das câmaras municipais, apesar do aumento de vereadores. A promulgação da emenda deveria ser conjunta, da Câmara e do Senado. Na sexta, Garibaldi impetrou um mandado de segurança no Supremo.

Durante o recesso, o caso ficará sob responsabilidade do presidente do Supremo, Gilmar Mendes, e dificilmente será concedida a liminar pedida por Garibaldi. “Se a liminar não for dada, realmente não acredito que isso seja resolvido este ano. Estou defendendo uma prerrogativa do Senado. Eu esperava um fim de ano sem esse problema. Durante 2008 tivemos um entendimento salutar entre Senado e Câmara”, lamentou Garibaldi, ontem.

O relator do mandado de segurança será o ministro Carlos Alberto Direito, que na sexta-feira já tinha viajado em férias. Coube então a Mello, o decano do STF, a providência de pedir mais informações a Chinaglia. Com Mello também em férias, caberá agora a Gilmar Mendes tomar qualquer decisão até o fim de janeiro.

Chinaglia informou ontem que o setor jurídico Câmara providenciará as respostas ao Supremo, assim que receber o despacho do ministro. “Não vou deixar isto para a outra Mesa Diretora”, afirmou o deputado, que sairá da presidência no início de fevereiro, quando será eleita uma nova Mesa.

Homem é morto em BH por pisar no pé de PM

Familiares, amigos e vizinhos de Cláudio Eustáquio protestaram contra o crime e pediram justiça

Familiares, amigos e vizinhos de Cláudio Eustáquio protestaram contra o crime e pediram justiça

Pedro Rocha Franco para o Estado de Minas

O assassinato do mecânico Cláudio Eustáquio da Silva, de 39 anos, que segundo testemunhas levou um tiro na barriga por ter pisado no pé de um sargento da Polícia Militar, revoltou parentes e vizinhos dele na Vila São José, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Domingo, durante o sepultamento no Cemitério da Paz, houve protesto. O crime foi às 16h47 de sábado, em um bar da Praça São Vicente com Avenida Ivaí, no Bairro Padre Eustáquio, na mesma região. A primeira versão da PM é de que a vítima tentou assaltar o cabo Ednaldo Nogueira Borges, de 35 anos, que estava em companhia de um sargento, cujo nome não foi divulgado. Borges teria reagido, sacado a arma e atirado. Os militares trabalham no 34º Batalhão da PM e estavam à paisana no bar, bebendo e comendo feijão tropeiro. A própria PM assumiu as investigações do homicídio.

De acordo com uma vizinha da vítima, que pediu para não ser identificada temendo represália, o mecânico era honesto, trabalhador e tinha passado no bar para tomar uma cerveja, depois de receber seu 13º salário. “Era a pessoa mais honesta do mundo, de uma dignidade surpreendente, casado e com dois filhos”, lamentou. Segundo ela, Cláudio comentou com os amigos que ia sair para apostar no jogo do bicho e pisou no pé do policial sem querer. “Ele pediu desculpas, mas o sargento não aceitou. Eles discutiram e o cabo sacou a arma e atirou”, disse a vizinha, que junto a outros moradores fez faixas e cartazes de protesto. Cláudio chegou a ser socorrido no Hospital Alberto Cavalcante e transferido para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), mas não resistiu ao ferimento e morreu.

O comandante do 34º Batalhão da PM, tenente-coronel Cícero Nunes Moreira, disse que o cabo Ednaldo Borges foi preso em flagrante e está recolhido na própria unidade onde trabalha. Para o tenente-coronel, o militar contou que o mecânico entrou no bar meio transtornado e pisou no pé do sargento. “O sargento achou que fosse uma brincadeira e falou alguma coisa com o rapaz, que saiu e voltou logo em seguida, dando uma trombada no sargento e agarrando-o pelo pescoço. O cabo se identificou como policial e mandou o sujeito parar. O homem, que era muito forte e tinha cerca de 1,90m de altura, viu a arma na cintura no cabo e tentou tomá-la. Os dois brigaram pela posse da arma, que disparou acidentalmente”, disse o comandante. O cabo arrolou o sargento e outras duas pessoas do bar como testemunhas, segundo Cícero Nunes.

Ainda de acordo com o tenente-coronel, o mecânico conseguiu sair do bar e caiu na rua, sendo socorrido pelos próprios PMs, que pediram uma ambulância. “O sargento tentou reanimar o mecânico, fazendo massagens cardíacas”, disse o comandante, ressaltando que foi feito o auto de prisão em flagrante e encaminhado à Justiça Militar. A arma, que pertence à corporação, foi apreendida. O cabo, segundo Cícero Gomes, foi submetido a exames toxicológico, de corpo de delito e residuográfico, para detectar presença de pólvora nas mãos. “Ednaldo reagiu em defesa do colega. Ele mesmo declara que o tiro foi acidental”, disse Cícero. 
 
Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press